28 novembro 2006

Coimbra aplica terapia familiar como medida de coacção

Coimbra aplica terapia familiar como medida de coacção
É inovador e está a dar resultados. É em Coimbra que as famílias podem ser coagidas a entrarem numa terapia e cabe ao Centro Integrado de Apoio Familiar de Coimbra (CEIFAC) aplicar a “terapêutica”É pressuposto recorrer à terapêutica familiar de uma forma «livre e voluntária. Por força das situações, a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Coimbra pediu-nos que acompanhássemos famílias em contexto de coacção» e coube ao Centro Integrado de Apoio Familiar de Coimbra (CEIFAC) dar cumprimento «a esta primeira situação, que é inovadora a nível nacional». Maria João de Sousa Vieira, da direcção do CEIFAC explica que foi necessário criar um novo modelo de terapia, «agora em contexto de coacção» e desde então têm acompanhado famílias enviadas pela Comissão de Protecção de Menores, mas também famílias sinalizadas pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra (DIAP), «onde existe um processo crime, tendo sido proposto ao arguido a suspensão provisória do processo, desde que se submetesse, juntamente com a família, à terapia». O Gabinete de Apoio Familiar que o CEIFAC abriu na Rua da Guiné tem dado resposta aos pedidos de ajuda das famílias e já por ali passaram 147. Neste momento, estão a ter acompanhamento psicoterapêutico 60 famílias, é o nosso limite máximo, face ao número de técnicos de que dispomos e já não temos capacidade para fazer mais», admitiu-nos Maria João Vieira, à margem do encontro internacional que ontem decorreu em Coimbra sobre “Novas Estratégias Preventivas”. Um tema ou uma matéria que seleccionaram propositadamente para este seminário internacional, «porque verificámos que, dentro do nosso trabalho e na área das famílias, ainda tínhamos algum problema em arranjar um programa que fosse credível e um programa que já tivesse dado provas, depois de devidamente avaliado». Por isso, se aproveitou a deslocação da especialista americana Karol Kumper, do Departamento de Educação e Promoção da Saúde da Universidade do Utah, para «nos dar a conhecer o programa que criou há 25 anos e que tem tido excelentes resultados, mas também para que nos ajudasse a formar os nossos técnicos, para que também eles o possam aplicar em Coimbra». Na prática, muda a metodologia, «a novidade não é o conteúdo, é a forma de trabalho. É esta a dinâmica que tem trazido muitíssimos bons resultados e que nós gostaríamos de testar e implementar em Portugal e no CEIFAC». Nestas quatro anos de acompanhamento a famílias, o CEIFAC conta histórias em que as famílias «chegam ao fim do processo terapêutico e também outras que têm recaídas e o processo tem de se reiniciar. Saber lidar com o motivo que as levou a pedir ajuda» é o objectivo final e as causas podem ser várias. «Normalmente são situações que acontecem em famílias desestruturadas, mas uma grande parte da origem do problema são os filhos», conclui Maria João Vieira.No decorrer do seminário internacional “Novas estratégias preventivas”, Karol Kumpfer deu uma conferência, mas o momento também foi aproveitado para os técnicos trocarem ideias sobre “Valores familiares e factores de protecção”, “Ética, famílias e protecção”, “Famílias doentes ou famílias competentes!...” e “Intervenções preventivas em meio familiar”.
Conceição Abreu

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